Outros vícios.

O fim de semana foi vivido ao segundo. Tantas coisas tenho sobre que escrever. A emoção de ter a minha filha na plateia. O reencontro com as pessoas de um passado ainda tão presente. Os amigos. A minha noite numa discoteca gay. O livro que estou a ler.

O livro. “A lebre de olhos de âmbar” (Edmund de waal, 2010 – em Portugal pela Sextante Editora, 2012). Foi um título recomendado por uma das minhas grandes amigas, a T. Estou verdadeiramente viciada. Não só pelo marcador! O papel de um chocolate que a swiss airlines teve a simpatia de me oferecer, no voo de Zurich para Nice. Chocolate e um livro doce, aveludado (por ora) . Faz-me recordar um album que ouvimos em tua casa T. Aquele. Expresso do Oriente.

Os judeus. Japão. Paris e Viena. Os netsuke.

Deixo-vos um bocadinho. Porque para além do blog tenho outros vícios. Este livro está a ser um deles.

<O Japão era essa caixa de rebuçados. A presença de coleccionadores no país alimentava uma sofreguidão recíproca. As histórias de dáimios empobrecidos que vendiam as suas jóias de família, samurais que vendiam as espadas, dançarinas que vendiam o corpo (e transeuntes que vendiam os seus netsuke) tinham como reverso a história dos compradores a quem eram oferecidas possibilidades infinitas. Ali toda a gente vendia tudo. O Japão existia como uma espécie de mundo paralelo onde estavam a preço de saldo todos os prazeres – artísticos, comerciais e sexuais.

As peças japonesas tinham uma aura de exotismo erótico que não se limitava ao encontro das mãos de dois amantes debruçados sobre uma caixa de laca ou bibelots de marfim. (…) Um contacto sensual, uma surpresa para as mãos, esses objectos envolvidos numa carícia. O japonismo e o seu prazer tactil eram uma tentação irresistível.O object japonês revela-se quando é tocado. O tacto diz-nos o que queremos realmente saber, diz-nos quem somos.

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Até breve, com as estórias que deixei por escrever…