Parabéns mana! Estás a ficar velha! Achas que essas saias de 30 cm são para a tua idade? :)

23 anos. há 12 anos entre nós. Eu nasci no final dos anos 70´. Ela nasceu no início dos anos 90´. Somos filhas dos mesmos pais. Nascemos em fases diferentes da vida dos nossos pais, numa fase diferente da realidade do País. A minha irmã nasceu nos promissores anos 90´- cresceu na promessa da Europa, da Expo 98, no Euro 2004. Cresceu protegida – na certeza de um futuro promissor!

A minha irmã é gira. É super gira mesmo (ok… tem algumas semelhanças comigo, quando tinha a sua idade). E a miúda é esperta! Quase engenheira mecânica, pela melhor escola do país, uma das melhores alunas do seu ano (e não pensem que foi coisa simples – a miúda fartou-se de estudar – se há frase que caracteriza a minha irmã é: não posso, tenho de estudar!). É um não posso selectivo – de uma forma geral, aplica-se a tudo o que seja tarefa doméstica! Há momentos verdadeiramente Pousadeanos (Pousa é o nome com que os amigos carinhosamente a baptizaram).   É uma princesa rodeada pelo seu harém de amigos (quase todos rapazes) que lhe transportam os pesos (e anexos) e lhe fazem todas as vontades.

A minha irmã e o dinheiro. Ainda pequena, a minha irmã achou que alguém tinha acesso ao seu cacifo da escola. Decidiu deixar um isco para o estranho. Poderia ser 1€. Poderia ser 5€. Mas não! Era segunda feira – nada melhor do que colocar os 20€ da sua semanada. Pois bem… No final do dia ficou sem os 20€. Mas concluiu que o “ladrão” tinha a chave do cacifo – afinal não tinha sido arrombado! Ficou feliz por ter percebido isso – O pior percebeu depois… que ficara sem dinheiro para o resto da semana! Cresceu assim, a fazer birra por não receber um plasma no Natal aos 17 anos, ou asentir-se apenas segura na Gavea (Rio de Janeiro), zona em que alugou casa porque Copacabana é muito inseguro! Melhorou consideravelmente ao longo dos anos. Começa a ter a noção de que o elo dourado só brilha quando há sol!

A minha irmã e o desporto. É uma verdadeira desportista – assim aquele género que usa sempre roupas e sapatos de princesa – mesmo quando é convidada para ir fazer caminhadas por trilhos. O registo desportivo é considerável (vou tentar lembrar-me): ginástica acrobática, natação, dança ritmica, qualquer coisa com patins (não me lembro bem de quê), basketball,… e mais recentemente Ski. Se eu tivesse de escolher um episódio Pousadeano desportivo seria (sem qualquer dúvida) o Ski. Começou logo com o equipamento. Saímos da loja com o equipamento alugado – cada um de nós com os skis e as botas – “Quem é que pode levar os meus skis? São pesados – eu não consigo levar!” Pois… tens de conseguir! Descemos a primeira pista. Descemos todos. Todos menos a minha irmã. Quer dizer… Ela começou a descida. Acabar é que foi o problema. Esperámos… Esperámos… E lá vinha ela. A atropelar toda a gente pelo caminho. Quando nos viu, tirou os skis, atirou tudo o que tinha nas mãos para todos os lados,… e fez uma autêntica cena cómico-dramática porque a tínhamos deixado sozinha na descida! Eu pensei que ela estava a brincar – mas não, era mesmo a sério! No segundo dia (e a muito custo) lá conseguimos que voltasse a colocar os pés nos skis – o que passou a gostar! De tal modo que nos aventurámos para uma pista de nível superior. Sair do telesiege foi uma aventura. mas a melhor parte estaria para vir: “Eu não consigo fazer esta pista – é muito difícil! Liga para nos virem buscar!” Mas ligo para quem? Perguntei. “Para os tipos que andam nas motas, de casacos vermelhos!” Mas tu não te magoaste! Olha tira os skis e vai a pé!

A minha irmã e os telefones. A relação entre a minha irmã e estes equipamentos é uma relação complicada! No início não conseguia ter um que durasse um ano. Perdia-os todos. De tal modo que em determinada altura percebeu que o melhor era ter o mais barato que existisse na loja. Depois era raro ter bateria. E quando tinha bateria não atendia. A necessidade de comunicar também nunca foi um dos seus atributos – com 17 anos foi 3 semanas para Oxford, sozinha. Chegou. Disse aos meus pais que tinha chegado bem. Dois dias depois o telefone não tocava. 3 dias mais tarde a minha mãe pediu-me para fazer um pedido de emergência no placard da escola – Procura-se Pousa e pede-se que contacte familiares. “Se não disse nada é porque está tudo bem” – resposta da minha irmã! A coisa não melhorou. De tal modo que no meu telefone eu tenho nomes como Mana Técnico 1, Mana Técnico 2,… e por aí em diante até ao Mana Técnico 7. Basicamente são os números com os quais ela já me telefonou (de amigos, conhecidos, ou outros que lhe emprestam o telefone só porque é gira – ou miúda – o que no Técnico é mais ou menos sinónimo). Naturalmente que isto cria situações caricatas, comigo ou a minha mãe a telefonarmos para pessoas que não fazem a mínima ideia quem é a minha irmã! Ah é verdade… nunca tem saldo!

A minha irmã e as festas. Cerveja, vinho, caipirinha, caipirosca, mojitos, sangrias,… e tudo o que tenha alcool… ela gosta! Gosta do colete encarnado, de tertulias, de arraiais e acontecimentos similares… Enche a roupa de nódoas – aquela com que chega a casa, porque normalmente perde umas quantas peças durante a noite (o que me deixa absolutamente piurça porque – não raras vezes – são os meus casacos/camisolas). No ano passado a minha mãe telefonou-me num pranto – assim que atendi o telefone ouvi do outro lado – “A tua irmã desapareceu – O amigo dela chegou sozinho e diz que a viu, pela última vez, às 4h da manhã!” Uff! Lá fomos nós à procura da minha irmã nas tertúlias da cidade. Encontrámo-la numa – ainda animada pelo deus Baco – Parece que adormeceu – Pois, a minha camisola (e eu gostava tanto dela)… Não sabe onde ficou!

A minha irmã e as doenças. A minha irmã tem asma, enxaqueca, escoliose qualquer coisa por má postura, usa óculos, foi operada a ambos os pés – por isso quando usa saltos está sempre a torcer os tornozelos (mas calça o número 34 – tem sempre sapatos em promoção), a resistência gástrica é quase nula – vomita por tudo e por nada,… a lista continuaria! Lê todas as bulas dos medicamentos, é uma chata com as suas doenças e com as doenças dos outros. Controla tudo! Ah… e já me esquecia. A minha irmã não quer ter rugas de expressão. Por isso é comum rir-se e falar de boca fechada – assim tipo robot, mas na versão androide – quase humana. Ela não quer ter rugas, mas causa rugas nos outros – já tive verdadeiras noites de gargalhada à conta disto!

A minha irmã e o carro. “Sabes conduzir? Ok! Levas tu o carro porque eu não gosto de conduzir com pessoas.” E basicamente é assim – acho que nunca andei no carro, com a minha irmã, no lugar de pendura. Mesmo quando me vai buscar ao aeroporto. Chega e toca de me dar o lugar de condutor. Claro que quando arranco, já sei qual é o meu destino mais próximo: Posto de Abastecimento. Sim, eu acho que a minha irmã abastece ao litro. Já me confessou ter colocado 5€ de gasóleo, mas aposto convosco em como já pôs 2€!

A minha irmã e as relações com o(s) namorado(s). Não mana. A mana não vai escrever sobre isto! 🙂

(Vou deixar as restantes pousadeanices para o próximo ano).

A minha irmã e eu. Os 12 anos de diferença fazem com que sinta pela minha irmã um sentimento maternal e protector. Sempre que estamos juntas, eu faço do seu retrato caricaturado, uma verdadeira comédia. A verdade é que tenho muito orgulho na minha irmã. Em todas as suas idiossincrasias ela consegue ser mais mais preocupada com os outros e mais afectuosa, mais amiga dos animais, em ultimo mais humana do que eu. Desculpo-lhe as telhas e as birras, os brincos, os lenços, os cintos e outros que tais, que me vai roubando à socapa (ainda bem que eu calço o nr 38), porque é a minha irmã – e cada vez sinto-a mais como irmã amiga, do que como irmã filha! Parabéns mana! Por uma semana,  temos apenas 11 anos de diferença – Estás a ficar velha! Achas que essas saias de 30 cm são para a tua idade? 🙂

14 responses to “Parabéns mana! Estás a ficar velha! Achas que essas saias de 30 cm são para a tua idade? :)

  1. Gostei muito do retrato descrito. Devo dizer que concordei sempre com o “no news, good mews”. Parabéns a ambas.

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  2. Bem descrito!!!

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  3. Muito bom! 😛
    Parabéns! 🙂

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  4. Fico impressionado com a forma que descreves a tua irmã em várias situações. Está fabuloso, estava a ver as coisas a acontecerem enquanto lia. Parabéns. Beijinho.

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  5. A minha irmã é mais nova que eu também 12 anos. Eu conheço bem esse sentimento paternal (no meu caso) e protector. Mesmo após estes anos todos é difícil perder este tipo de relação.
    Em relação ao técnico nos meus tempos de estudante as mulheres era classificadas em: As lindíssimas, as bonitas, as mais ou menos, as feias, as horrorosas e as do técnico :). Na realidade essa classificação existia porque praticamente só lá estudavam homens…! As coisas entretanto mudaram (felizmente).

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    • Que coincidência – não é muito comum ter irmãos com tão grande diferença de idade! As coisas não mudaram Manel. No curso da minha irmã, no primeiro ano, eram 200 alunos em que 10 eram raparigas. Agora está no último ano. Desses 200 sobram menos de 1/4 e apenas uma minoria entrou com ela. Acho que não há mais nenhuma rapariga no grupo. Já para não referir que nunca ouvi falar de uma amiga de curso – são todos rapazes!

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  6. joaoaugustateixeiralopes@gmail.com

    Escreves muito bem mais uma vez parabens.

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  7. QUANTO O PAI MANEL TEM TRABALHADO PARA ESTAS MENINAS

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  8. É verdade tenho trabalhado muito, mas é com muito gosto que o faço. Porque as minhas filhas também têm trabalho e aproveitado tudo o que lhe tenho podido dar. O sentimento de orgulho que sinto cada vez que elas sobem mais um passo não tem preço. Espero que todos os pais possam trabalhar para se sentirem tão orgulhosos das filhas como eu me sinto das minhas.

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