Um ano. O agoradigoeu está de parabéns!

Um ano. O agoradigoeu faz hoje exactamente 1 ano. Surgiu de uma conversa entre amigas – tinhas de fazer parte deste início L.! Uma conversa na esplanada do Miradouro da Graça (um dos meus espaços preferidos em Lisboa), ao sabor de um café gelado, iluminado pela luz de fim de tarde. “Tens de escrever sobre isto!” Era comum escrever, mas apenas entre amigos. Aceitei o desafio e decidi escrever para um público diferente, para todos vós que me lêem…

Os caracteres que aqui tenho escrito são também um testemunho do que tem sido a minha experiência além fronteiras. Dou por mim a rir à gargalhada quando leio algumas das peripécias que vivi por aqui. E foram tantas! Hoje ao pequeno almoço recordámos um momento que não partilhei aqui no blog. O tempo fez com que se tornasse apenas cómico! Partilho-o hoje!

Uma qualquer noite de Abril. Encontrámo-nos à porta da Cinemateca dez minutos antes do filme começar. Não era a primeira vez que tínhamos este programa. Na verdade foi com ele que comecei a ir à Cinemateca. Francês. Com um nome muito semelhante à sua nacionalidade. Partilhamos o gosto por cinema alternativo e a linguagem da ciência. Nessa noite eu estava cansada. Apetecia-me ir para casa depois do filme. “Por favor Paula, faz-me companhia para jantar. Podemos ir a um restaurante óptimo em Vieux Nice”. Ligou para o restaurante. Reservou a mesa. “Está feito. Agora não podes ir embora”. Aceitei o convite. Não era a primeira vez que jantávamos. Esse era, aliás, o programa da generalidade das terças feiras. No final do jantar ele acompanhou-me ao carro, estacionado no parque habitual. E, também, como costume conduzi-o a casa, como agradecimento de me ter feito companhia até ao carro. Nessa noite, enquanto caminhávamos para o carro ele decidiu cantar um música para mim. Foi divertido, sobretudo pela letra. Eu conhecia a música e rimo-nos imenso. A música era esta.

Eu a conduzir o carro. O semáforo vermelho obrigou-me a parar. Estávamos a conversar. De repente ele “salta”do banco dele em direcção a mim. O meu reflexo foi puxar braço atrás… e dei-lhe um valente murro! De tal modo que ele bateu com a cabeça no vidro. “Mas o que é que se passa aqui?”, “Desculpa, desculpa… Mas foi um momento incontrolável para mim. Tu tens razão. Foi uma fraqueza minha”. Ele estava mais vermelho que o semáforo, que entretanto tinha passado a verde. Eu estava perplexa com a minha reacção. Nunca tinha sido agressiva com ninguém. Naquele instante em que o senti invadir o meu território só pensei “sai da minha beira” e o meu corpo reagiu em conformidade. Se ele pudesse tinha fugido do carro em andamento. Estávamos perto de casa dele. Mais calmos eu expliquei-lhe que era melhor que nada se passasse entre nós. Pedi desculpa pela minha agressividade. Ele saiu (melhor termo seria fugiu) e eu regressei a casa.

No dia seguinte enviou-me um email. “Desculpa Paula. Foi um momento em que não me consegui controlar. Tu és uma mulher lindíssima e naquele momento o meu cérebro parou. Desculpa. Não volta a acontecer”. Eu respondi ao email. “Já esqueci. Em último até teve a sua piada”. Pois… eu escrevi isto! Recebi um resposta pouco tempo depois: “Não percebo como podes achar que teve piada :S!” Esqueci-me que o sentido de humor dos francese (sobretudo dos niçoises) não é bem o mesmo que o nosso… ou que o meu, pronto!

De partida para o Brasil, ligou-me do aeroporto. Eu não tive tempo para voltar a estar com ele. “So queria despedir-me de ti. Gostei muito de te conhecer. Até breve. Me visita no Rio.” De vez em quando trocamos mails, para saber como vão as coisas. Eu até gosto dele, mas apenas como amigo. Foi o meu quase professor de francês e das primeiras pessoas que conheci por cá.

O agoradigoeu vai continuar… Tenho tido algumas situações em que os meus posts geram polémica, sobretudo entre aqueles que me conhecem pessoalmente – E não, o poema que escrevi para o moço giro da fotografia não era um poema de amor. Era um poema de boa sorte para um amigo que decidiu voltar à Grécia.

Mudar de vida, incluindo mudar de país não é fácil. Houve momentos bons, outros menos bons. Às vezes sinto-me triste. Outras vezes sinto-me sozinha. Outras sinto-me perdida. Outras sinto que não tenho sono. Outras sinto-me cansada. Outras sinto-me sem chão. Mas mesmo sentido-me assim (às vezes) sinto que não serei mais a Paula de antes. Mantenho a gargalhada, os olhos curiosos, as mãos de toque suave e a voz rouca. O que mudou… Deixemos para o 2º ano do agoradigoeu. Há coisas sobre as quais só consigo escrever na distância que o tempo permite.

A minha filha. A minha filha está comigo. Dorme no meu abraço. Quando anda à boleia na bicicleta, de pernas para um dos lados e com os braços na minha cintura (como nos filmes a preto e branco), mexe na minha barriga – como quando era bebé. E nesse instante, em que a transporto, agora fora de mim, sinto que entre nós existirá sempre este cordão umbilical – eu a mãe e ela a filha. Este amor incondicional…

Hoje eu e a Beatriz (minha filha) comprámos baguetes e croissants (muitos) para um pequeno almoço (quase) francês. Deixo-vos as fotografias. Obrigada C. Sabes que eu gosto muito de ti, não sabes?

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6 responses to “Um ano. O agoradigoeu está de parabéns!

  1. Feliz aniversário para o blog e sua escritora.
    Desejo-lhe como os franceses dizem “bon courage” e boas peripécias para relatar no blog 🙂

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  2. joaoaugustateixeiralopes@gmail.com

    Feliz aniversàrio,espero continuar a ler o agora digo eu durante muito tempo, acho que aprendo sempre mais qualquer coisa. Parabéns e obrigada.

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  3. É sempre um enorme prazer ler os seus caracteres, Paula! A eles se estendem a sensibilidade, imaginação e criatividade da cientista.

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  4. Parabéns Paula, continue a encher a web de muita simpatia textual. O mundo precisa disso.

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  5. Parabéns Paula pelo blog, por escreveres tão bem, por seres genuína e por não ocultares as tuas fraquezas.
    Fico à espera da Paula actual 😉

    Beijo
    Judite

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  6. Parabéns atrasados. Não sei explicar o porquê gostar de ler este blog… não sei se será pelo espírito critico de alguns posts, pela alegria de viver que transmites, pela força que expressas nas palavras, ou pelo carinho noutras. O que é certo é que gosto de o ler. Dou-te o meus parabéns, que o ano seguinte te traga mais felicidades que este. Beijinho.

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