Daily Archives: Novembro 12, 2013

Aquele que (quase nunca) foi o meu gato, tem uma estoria.

Eu tive um gato. Ou melhor, o meu ex-marido (na altura marido) teve um gato. Sim, o gato era dele! Aquele que (quase nunca) foi o meu gato, tem uma estória. Não se chamava mimi, tété ou bernardo. Lecas! Tinha por nome “lecas”… mas eu sempre lhe chamei gato!

Na casa dos meus pais existia uma gata. Não me recordo do nome que a minha irmã lhe deu. Na verdade, sempre a chamei de “maluca”, considerando o seu comportamento! Era uma gata preta, intempestiva e pouco dada a festas, quanto mais a festinhas. Tinha um génio complicado e algumas manias… entenda-se, assim que o meu pai chegava a casa a “maluca” evaporava-se (um e outro nunca tiveram uma relação próxima). A regra aplicava-se a visitas e outros, leia-se as visitas habituais. O meu ex-marido (na altura namorado) não foi bem recebido. Impôs as regras desde o inicio: “tu aqui és visita e se não voltares… melhor!” Ele ripostava o cumprimento “Ainda me vais dar um gato! Todo branco!” Seria simpático dizer que a relação melhorou ao longo do tempo! Mas não foi o caso!

Na proximidade do meu casamento a “maluca” desapareceu. Não é que eu tenha dado conta. Mas é assim que se explicam os factos. E facto é que no próprio dia em que casei a “maluca” pariu um gato! Um único gato! Um gato branco! E sabem aqueles argumentos que se usam? “nao quero animais em casa, sobretudo gatos. É pêlos por todo o lado, uma despesa no veterinário, uma prisão nas férias e uma carga de trabalhos,…” Pois… eu usei-os todos! Mas o meu excelentíssimo ex-marido dizia sentir-se sozinho – queria ter um animal de companhia – usou aquele argumento do destino sem acaso, afinal o gato tinha nascido no dia do nosso casamento…

O gato tornou-se um gato enorme! Branco e de olhos azuis. O gato tinha, verdadeiramente, a mania! Ainda por cima a mania de que era importante! Isso de comida do Lidl… nah nah nah Só comidinha do veterinario. Já para não falar do shampoo perfumado, dos cotonetes para limpar os olhos e orelhas, as toalhitas dodot,… Passava a maior parte do seu tempo a dormir. Isso e a infernizar as empregadas de limpeza! Sempre foi dado a patinagem (sem patins). Assim que via uma esfregona, colocava-se junto da porta – só assim como quem gosta de ver trabalhar – e já com o chão molhadinho – prestes a secar – lançava-se em correrias, enfurecendo as ditas senhoras que exigiam ter o gato fechado para poderem fazer o seu trabalho! Houve uma que teve medo de entrar em casa -“D. Paula, olhe abri a porta, mas o seu gato atacou-me! Tive medo! Posso voltar amanhã, mas deixe-o fechado na varanda.” Caçar pássaros era também uma das suas actividades preferidas. Isto quando vivíamos no primeiro andar… Mesmo que eu o estimulasse para se aventurar no 6° andar, não ligou aos meus incentivos… Estão a imaginar a peste, não estão? Pois…

Acontece que, por razões que não importam a esta estória, o meu casamento chegou ao fim. O meu ex-marido mudou-se para outra morada, não tendo condições para levar o gato. Desde esse dia que o gato deixou de comer. Fez uma verdadeira greve de fome! O veterinário diagnosticou-lhe uma depressão. Morreu passado pouco tempo. Coincidência (ou não) no dia em que faria 10 anos de casada – que seria também o seu 10° aniversario!