A Operação Stop em Lisboa

Lisboa. Noite. Cais do Sodré. Convidei-os para beber um café na “Pensão Amor”.  Ora em francês, ora em inglês, ora em português… lá fomos comunicando entre os cinco – três portugueses, um holândes e um francês. Almirante Reis, Praça da Figueira, Rossio, Terreiro do Paço, o eléctrico e os candeeiros de Lisboa… uma visita guiada pela cidade. Apesar de viver na Côte d´Azur, destino de ricos e famosos, continuo a achar que em Lisboa as pessoas são mais bonitas. Saímos da rua rosa e prosseguimos a visita turística pela cidade. Destino: Belém.

Operação Stop em frente ao mercado da ribeira. Eu ao volante de um dos “carros lá de casa” – é assim que lhes chamo. Existe uma característica transversal a todos  os carros: são todos velhos! Este, por exemplo, tem a particularidade de não ser possível tirar a chave da ignição, não tem luzes no mostrador – o que, durante a noite, torna difícil ver coisas básicas como “nível de combustível” ou a “velocidade”.  Pormenores à parte, o carro cumpre a sua função: anda!

Abri o vidro e o senhor polícia disse aquelas coisas que os polícias costumam dizer. Dei-lhe os meus documentos e expliquei-lhe que o carro não era meu, mas que iria tentar encontrar os documentos. No banco de trás começaram a rir-se. E eu à procura dos papeis. Lá estavam. Entreguei os ditos – e a risada continuava. O polícia a olhar para mim com cara de parvo, até que percebi que estava a falar francês com o polícia e o mesmo não estava a perceber nada. Pedi desculpa. Disse-lhe que não estava a viver em Portugal e que nem dei conta de que estava a falar francês. O senhor polícia compreendeu. Perguntou: “Quem é o senhor (leu o nome do proprietário do carro)?” E eu, instruída pela minha irmã, “é o namorado da minha mãe”. “Quem?”. “Esse senhor que disse é o namorado da minha mãe!”. “Então mas o seguro do carro está noutro nome! Quem é este senhor (disse o nome do meu pai)”. “Sim, o seguro do carro está em nome do meu pai”. Quando pensei na incoerência do que estava a dizer, que o carro estava em nome de um potencial padrasto e o seguro em nome do meu pai, não consegui controlar o riso. O polícia olhava para mim com ar ainda mais parvo e eu só me ria. Perguntou-me se eu tinha bebido e disse-lhe que não, que estava apenas a mostrar Lisboa – outra vez a falar francês -. “Olhe deixe lá os documentos, que eu já percebi que isso é uma história complicada. Acompanhe-me, por favor. Vamos ter de fazer o teste do álcool” Saí do carro. O polícia, um homem da minha idade disse-me, quando saí do carro. “Agora que estamos sozinhos, vamos aqui conversar. Sabe que eu não lhe quero estragar a noite. Bebeu alguma coisa? Não tenha receio. É que se bebeu é melhor não fazer o teste. Podemos ver se encontramos outra solução!” E eu, ainda a rir-me da história do padrasto e do pai, só dizia: “não bebi nada senhor polícia. E olhe… até estou curiosa, nunca soprei no balão”. “Mas tem a certeza? Olhe que se bebeu aquilo vai acusar”. Chegámos ao posto de detecção. Recebi as instruções e soprei. 0.00 foi o resultado. “Afinal estava a dizer-me a verdade! Não bebeu mesmo!” Nesta fase eu e o polícia já éramos os melhores amigos. Acompanhou-me ao carro. Conversámos sobre o facto de estar em França e sobre a alegria de voltar a Lisboa, quando se está fora. Ele não voltou a lembrar-se das incoerências entre o proprietário, o segurado e o condutor. Segui viagem. Ufff

😀

 

3 responses to “A Operação Stop em Lisboa

  1. “Podemos ver se encontramos outra solução!” Ou seja, no fundo o que o sr. polícia queria era que algum dinheirinho lhe fosse cair ao bolso…

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  2. Imagino o que passou pela cabeça do polícia 🙂 o seguro do carro do namorado a ser pago pelo marido da namorada, para piorar, conduzido pela enteada ehehe coisa rara 🙂 Beijinho.

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  3. em vez da consutora fosse um condutor, o resolver isto de outra forma não aconteceria…possivelmente o policia pretendia outra solução mais intima :DD

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