Category Archives: …Sugestões de Agenda

“Ma vie de courgette”, um filme de animação em “stop motion”.

O Outono traz as sopas, os chás, os scones e os crepes, o vinho tinto em vez do rosé, os passeios de bicicleta em dias frescos de sol intenso, o silêncio na praia e as rochas húmidas no Cap… e traz também o cinema!

Ontem fui ver “ma vie de courgette), um filme de animação em “stop motion” que considero uma obra de arte.

“Ma vie de courgette” é um filme triste sem ser triste. Um filme para crianças sem ser para crianças. Um filme simples sem ser simples. É um filme ao contrário, do lado esquerdo da vida, do lado do coração.

O director, Claude Barras, fez os personagens em massa de molde. Personagens simples para permitir ao espectador uma melhor identificação e desse modo percepcionar sentimentos e emoções.

Este filme de pouco mais de uma hora é um mundo de detalhes e pormenores. Os cenários. Os diálogos. As sequências. Imaginar que tudo foi feito à mão. 8h de trabalho de equipa para produzir 5 segundos de filme.

Um filme apaixonado e apaixonante.

Deixo a sugestão.

Cumplicidades. Entre nós.

Passei o fim-de-semana em Lisboa. Dias cheios de conversas boas. De muitos momentos só nossos, meus e da beatriz. Houve tempo para estar com bébés. (A Leonor comeu a primeira sopa – e está tãoooooo fofa!!!). Que me fazem ter saudades dos primeiros tempos da maternidade. Houve tempo para estar com amigos. Amigos que me fazem falta nesta vida de emigrante.

No sábado de manhã eu e a Beatriz estivemos na Make up forever school. A Beatriz adora maquilhagem. Pode ser influência da família que vive do outro lado do Oceano. Mas acredito que seja uma tendência geracional, já que também as amigas coleccionam os produtos da Claire´s e da Kiko. Nesta minha aprendizagem de ser mãe, aprendi que por vezes orientar comportamentos pode ter melhores resultados do que contrariá-los. Por esse motivo o meu presente de Natal para a Beatriz foi um vaucher da escola da Make up forever, para um curso de auto-maquilhagem para ambas. Foram 2h muito bem passadas, guiadas pelo maquilhador profissional  Junior Telles. O Junior foi hiper-atencioso, dando dicas e ensinando a utilizar produtos e pinceis de forma muito natural e ao nosso ritmo. Saímos giras. Mas mais importante. Saímos a saber como nos auto-maquilhar. Ao sair a Beatriz disse-me: “-mamã adorei! E percebi que tudo o que eu fazia, fazia mal!” (eu tinha umas fotos tão giras para vos mostrar – mas o iphone decidiu morrer entretanto :/!).

No sábado à noite vimos um filme delicioso “Famille Bélier“. A Beatriz fez as pipocas. E eu dei-lhe o colo. e afaguei-lhe o cabelo. e dei-me mimos fazendo-lhe festinhas. Quando no domingo tivemos a nossa “conversa-de-até-à-próxima-vez-que-a-mamã-voltar” pesquisámos no youtube as músicas do filme. Termino este post com a música que me roubou as lágrimas. que mas rouba ainda… (esta é a última cena do filme.)

Até breve! (e vejam o filme – é muito muito bonito. e a miúda chama-se Paula!)

 

Sugestão de Agenda: IndieLisboa.

O Indie é o meu Festival de Cinema preferido em Lisboa. Mesmo que também goste muito do Docs. Talvez porque lhe acresça uma componente família, com o IndieJunior. “Mamã estes filmes são filmes de imaginação” – foi o comentário da Beatriz a uma série de curtas, na altura com 4 anos. Deixo-vos a sugestão. Podem saber tudo Aqui.

 

MONDEGO by Daniel Pinheiro, 2011

Hoje recebi um email de um amigo com a sugestão de um filme documentario sobre o rio Mondego. Um filme realizado por Daniel Pinheiro, em 2011, como projecto final de mestrado, numa universidade inglesa.

Synopsis
A river acclaimed by poets and songwriters, closely entwined in the History of Portugal. As its waters merge with the sea, a small stream, hidden in the high mountains of Serra da Estrela, continues to ensure the Mondego breathes life into its great variety of habitats and wildlife.

Foi nas margens do Mondego menino, quase ribeiro, que me apaixonei pela Serra da Estrela primaveril. Em Coimbra, ja senhor, foi testemunha das queimas, das latadas, dos fins de tarde e das noites que se fizeram manhã. Despede-se na foz, na Figueira da Foz, num abraço generoso com sabor a sal. O Mondego, juntamente com o Zézere e o Tejo, fazem parte de mim. Para mim, olhar um rio é sentir que tudo tem uma continuidade. Ha um sentido no rio, assim como na vida.

Este documentario fez-me revisitar as minhas gavetas de menina quase senhora, fez-me querer estar la (com muito mais do que uma pontinha de inveja), por detras da camara, em cada um dos bocadinhos de Mondego. E o que eu não dava por ter uma fotografia referente ao plano que o Daniel fez no min 13:08!

Deixo-vos a sugestão.

(Caso tenham gostado do filme partilhem-no! O autor tem concorrido, com êxito a alguns prémios e neste momento quer tentar a sua sorte em Festivais Europeus).

“Debaixo de Água” – a não perder – em cena no Teatro Rápido, em Lisboa.

Teatro Rápido. Podem aguardar no bar. “Quando estiver na hora a Joana leva-vos à sala”. A campainha.  A Joana anuncia. “Sala 1 – Debaixo de Água”. Dirigimo-nos em grupo para a sala. Uma sala escura, áspera, sem cores ou almofadas. Sem pavimento. Sem espelhos, nem sombras. Uma luz que não é fria, nem quente. É apenas isso… Uma lâmpada! Sento-me. Escolho a cadeira. Escolho a última cadeira. Aquela que fica ao lado da parede, em frente à banheira. Sim. Uma banheira. Uma banheira com água e espuma… e um actor. Reparo nos ténis com as meias acabadas de descalçar, no chão, junto à banheira. A roupa pendurada no cabide. A cadeira. A toalha na cadeira. E a peça começa. Ela entra. “Não foi isso que combinámos”. “Só mais esta vez, prometo que será a última vez”. 15 minutos. 15 minutos em que sustemos a respiração. Como se inspirássemos uma única vez. E mergulhássemos também. Naquela água. Naquela banheira. Um texto frio, primário e visceral. Ela – “Eu imaginava que a D. Odete me trazia iogurtes de morango. Porque de morango era os que eu mais gostava. As mães fazem tudo o que os filhos mais gostam. E eu queria que a D. Odete fosse a minha mãe”. Ele – “Ainda bem que não me lembro do que não tive”.  Dois registos da infância. Um registo calmo, resolvido na memória. O outro – um registo impaciente e desequilibrado, perdido da negação da memória. Dois gritos. Ele grita com ela. “Desculpa, foi sem querer”. Ela sente que não pode gritar com ele. “Só é agressivo quem quer”. Lava-lhe o corpo. Lava as suas mãos. Porque a água tudo purifica. “A água ainda está quente!”. “Sai, antes que arrefeça. E quando saíres, apaga a luz!” Há amor, há nojo, há dever. Há partilha, há vida, há presente. Será que amanhã haverá ainda mais uma vez?

Um texto excepcional de Mariana Rosário, que volta a surpreender, depois de “Branco”. Excelentes, as interpretações de Eduardo Frazão e Mariana Rosário. Ele que nos sobressalta no seu grito. Ela que nos incomoda nos seus gestos. 15 minutos. 15 minutos de intensidade ímpar. Percebi o conceito do Teatro Rápido. Mesmo que uma peça tenha 60 minutos, o climax da peça não terá mais do que 15 minutos. E “Debaixo de Água” é isso mesmo: O climax desprovido de elementos acessórios. E saímos de lá tão despidos quanto a sala. Com um murro no estômago! Porque às vezes nos faz bem lembrar, mesmo aquilo que não vivemos!


903016_10200936959568711_816761178_o

Em cena até dia 31 de Maio.