Tag Archives: Ciência

Elas são mais eficientes do que eles!

Sabem aquele momento em que passam o dia em frente ao computador a trabalhar em coisas diferentes… todas urgentes? E que no meio existem emails. E que pensam “devo escrever Dr. ou não antes do nome?”. E enviam o email (com Dr., pelo sim pelo não!) E a resposta demora pouco mais de 30 min a chegar, com palavras simpaticas e motivadoras. E agradecem. Com um “looking forward to meeting you”. E que depois disto tudo decidem colocar o nome no google… e percebem que andaram a trocar estes emails informais com uma senhora que tem mais de 300 publicações cientificas e a quem gostariam de pedir um autografo!

Comentei com a minha chefe. Que me respondeu: “Estas a ver! As mulheres são eficientes! Um homem na posição dela iria demorar, no minino, dois dias a responder!”

Bom… Não é por acaso que eu me dou bem com a minha chefe! Partilhamos opinião em muitos dominios!

Elas são (de longe) mais eficientes do que eles! Menos caganças! Mais trabalho!

 

Não ha acesso ao Skype… mas temos Facebook :)!

Os dias no laboratorio são uma corrida contra o tempo. Hoje não foi excepção. Experiência. Reunião de grupo. Mais uma reunião em videoconferência com equipa de colaboradores. Tudo hiper programado ao minuto.

10 minutos antes da hora combinada fui para a sala de videoconferência – sim, temos uma sala para essas coisas, que não haja confusões. Nunca a tinha utilizado, mas achei que para ter uma conversa no skype não deveria ser complicado. Basta ligar computador ao ecrã e esta feito, pensei. Hum… Pois. Esqueci-me de  que os franceses gostam de complicar.

Chegadas à sala, eu e a estudante de doutoramento que tenho a passar uns meses aqui no lab, ligamos os cabos e seguimos as instruções – em francês, claro. Nada! Nada de nada! Skype não liga. Ecrã do computador não aparece no plasma. Hum… bonito! Nos entretantos fico a saber que no instituto não é permitido o acesso ao Skype – não vão os funcionarios diminuir a produtividade por passarem demasiado tempo no Skype -. A incoerência é que o acesso ao Facebook é permitido! Va-se la perceber!

Resumindo. A unica forma de ter uma videoconferência é criar uma conta com o email do instituto num determinado site. A qual tem de ser feita dias antes da data em que se pretende ter a dita videoconferência. E depois convidar os convidados, desculpem-me a redundância, para se videoconferenciarem comigo. Acham possivel complicar mais? Eu não, mas tenho a certeza que os franceses conseguem :)!

Escusado sera dizer que a conversa foi feita no telefone em alta-voz. Mas o que importa é que discutimos ciência. E ciência da gira 🙂 Yupiiii!!!

 

E hoje o meu dia começou com este email…

we are pleased to inform you that your abstract (…) has been accepted for a 20 minute oral presentation within a symposium session”

E apesar da enorme responsabilidade… (considerando a plateia!!!) sinto-me entusiasmada :)! Vou, pela primeira vez, apresentar os resultados do que tenho andado a fazer ao longo dos ‘ultimos 28 meses… e é hiper motivante poder fazê-lo deste modo!

2015 will be a great year!!! é o que vos digo! 😀

 

Ciência: Para superar as batalhas, o melhor é festejar as pequenas conquistas :)!

Sexta-feira.  Submeti o artigo com os resultados do trabalho que fiz nos ultimos dois anos, aqui em França. A probabilidade de ser aceite é muito reduzida… Mas… O não temos sempre garantido… e se for um sim, pode mudar a minha vida!

Sou sincera quando digo que nunca pensei vir a conseguir publicar numa revista tão importante, mas também é verdade que, se os outros publicam, é porque arriscaram. Como nesta vida da ciência os momentos de conquistas são em menor numero do que os dias de batalha, fico feliz nas pequenas partes. Como hoje. Em que submeti um artigo para uma das revistas cientificas que mais gosto.

Ter qualidade suficiente para ser passivel de ser submetido é, para mim, ja uma vitoria!

Uma boa sexta feira. Sempre gostei de sextas feiras…

“Advice for a young investigator” – sugestão de leitura para Nuno Crato

Estou aqui a ler um livro “Advice for a young investigator” de Cajal (1897), e achei que seria uma boa sugestão de leitura para o actual ministro da ciência – Nuno Crato -. Sobretudo por esta passagem:

<

Another corruption of thought that is important to battle at all costs is the false distinction between theoretical and applied science, with accompanying praise of the latter and deprecation of the former. This error spreads unconsciously among the young, diverting them from the course of disinterested inquiry.

This lack of appreciation is deanitely shared by the aver- age citizen, often including lawyers, writers, industrialists, and unfortunately even distinguished statesmen, whose in- itiatives can have serious consequences for the cultural de- velopment of their nation.

They should avoid expressing the following sentiments: “Fewer doctors and more industrialists. The greatness of nations is not measured by what the former know, but rather by the number of scientiac triumphs applied to commerce, industry, agriculture, medicine, and the military arts. We shall leave to the phlegmatic and lazy Teutons their subtle investigations of pure science and mad eagerness to pry into the remotest corners of life. Let us devote ourselves to ex- tracting the practical essence of scientiac knowledge, and then using it to improve the human condition. Spain needs machines for its trains and ships, practical advances for agriculture and industry, a rational health care system—in short, whatever contributes to the common good, the na- tion’s wealth, and the people’s well-being. May God deliver us from worthless scholars immersed in dubious specula- tion or dedicated to the conquest of the inanitesimal, which would be considered a frivolous if not ridiculous pastime if it weren’t so expensive.”

Ineptitudes like this are formulated at every step by those who, while traveling abroad, see progress as a strange mi- rage of effects rather than causes. People with little under- standing fail to observe the mysterious threads that bind the factory to the laboratory, just as the stream is connected with its source. Like the man in the street, they believe in good faith that scholars may be divided into two groups—those who waste time speculating about unfruitful lines of pure science, and those who know how to and data that can be applied immediately to the advancement and comfort of life.

Is it really necessary to dwell on such an absurd point of view? Does anyone lack the common sense to understand that applications derive immediately from the discovery of fundamental principles and new data?

For the present, let us cultivate science for its own sake, without considering its applications. They will always come, whether in years or perhaps even in centuries. It matters very little whether scientiac truth is used by our sons or by our grandsons. The course of progress obviously would have suffered if Galvani, Volta, Faraday, and Hertz, who discovered the fundamental principles of electricity, had dis- counted their andings because there were no industrial ap- plications for them at the time.

>

Passaram mais de 100 anos, mas a visão continua a mesma. Achei por bem partilhar…

Caso tenham interesse, podem ter acesso ao PDF do livro aqui.

Até breve!