Os franceses são uns verdadeiros viciados em estatística. Independentemente do tema que possa estar em discussão o seu argumento tem, não raras vezes, o valor percentual médio em França. Foi em conversas deste género que fiquei a saber que o salário médio é de 1600€. Ou que o comprimento médio do pénis em França é de 16,0 cm – um valor que referem com orgulho face aos valores (que também sabem) dos outros países. Ou ainda que 2 em cada 3 casamentos terminam em divórcio.
O assunto divórcio tem estado na ordem do dia, isto porque em França a média de filhos por casal é de 2,41. Significa, por isso, que nas famílias recompostas (como eles designam) são frequentes os filhos dela, os filhos dele e os filhos dos dois, podendo a soma alcançar facilmente a cifra de 4 ou 6 crianças / adolescentes, por casal.
Neste momento está em discussão uma lei, a ser aprovada no início do próximo ano, que irá legislar a figura de padrasto/madrasta. A discussão tem estado acesa, já que que em muitas situações (talvez a maioria) os pais têm uma má relação depois do divórcio, não aceitando o padrasto ou madrasta do seu filho. Acham inconcebível a ideia de que estas figuras possam substituir os pais biológicos na ida ao médico, à escola ou na educação dos seus “mais que tudo”. Os padrastos/madrastas, por seu turno, alegam ter direitos, por exemplo a possibilidade de manter o contacto com os enteados, caso a sua relação com o progenitor biológico termine, porque com as crianças se estabeleceram laços fortes, para muitos foram verdadeiros pais adoptivos.
Novas famílias é sinónimo de novas fórmulas. Os teus e os meus são, sobretudo, os nossos filhos. Há pessoas que me perguntam se eu não tenho ciúmes da relação que a mulher do meu ex-marido tem com a minha filha. Como poderia? Serei sempre a sua mãe! Sentir o amor que existe entre a minha filha e a mulher do meu ex-marido deixa-me sobretudo descansada. Eu própria tenho-me sentido muito mais atraída por homens que são pais do que por homens sem filhos. Talvez porque esteja cada vez mais distante da ideia de voltar a ter filhos biológicos (e os homens também têm o clic clac lá por volta dos 35/40). Talvez porque para uma mulher que é mãe, o lado paternal não lhe é indiferente. Tal como gostar de mim significa gostar da melhor parte de mim – a minha filha – o reciproco é natural. Ou deveria ser.
Sejamos adultos nós. Os ex e As ex. Porque eles. Os filhos. Os dele. Os dela. Podem ser os Nossos. Os da mãe. Os do pai. Os da madrasta. Os do padrasto. Sejamos adultos Nós!
(até breve!)
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