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“Deixemos as mulheres bonitas aos homens sem imaginação.” A 4mãos com Ricardo A Lopes…

Ricardo Alves Lopes (Ral) é o primeiro dos bloggers convidados a participar no “a 4mãos e 2olhares”. É autor do blog tempestadideias.wordpress. O convite surgiu porque no seu blog se pode ler: “Plante Ideias…” Gostei do imperativo no verbo e em mãos tinha uma ideia. Enviei-lhe um email e foi com agrado que recebi uma resposta afirmativa a este desafio. Tenho uma responsabilidade acrescida… Porquê? É que Ral, além de blogger e de ter um vasto número de crónicas e artigos publicados é, também, autor do livro “Realidades”. É com um escritor à séria que começamos este a “4mãos e 2olhares” – Plantemos a ideia, então!

Ele (Ral)

Foi com enorme prazer que recebi o convite para este desafio, e logo nesse momento não tive dúvidas de qual a frase a escolher para desmiudar. A frase pertence a Marcel Proust, um escritor francês, famoso no início do século passado. Aqui vai:

“Deixemos as mulheres bonitas aos homens sem imaginação.”

 Pois bem, esta frase solta, sem qualquer contextualização, sendo eu homem, deixa-me numa situação deveras ingrata. Existem somente duas possibilidades em aberto, uma que me obriga a resignar-me a uma vida na companhia de uma mulher feia, ou, por outro lado, a ter a felicidade de partilhar a minha vida com um sorriso bonito, umas feições de princesa, um corpo de sublime encanto, ao mesmo tempo que me torno bacoco de ideias, completamente absorto de evolução do meu pensamento. Raio de sorte a minha, esta de ser homem e gostar.

Permitem-me? Não consigo considerar esta frase em ponto algum. Este foi o motivo da minha escolha, por mais presunçosa que possa ser a minha ousadia, de contrariar um autor de passado tão longínquo e obra tão apreciada – nomeadamente Em Busca do Tempo Perdido. Por partes, qual a definição de belo e de imaginativo? Não duvido que todos asseverem teorias, contudo cada uma será verdade, apenas, para uma heterogeneidade a qual posso não pertencer, ou pertencendo eu, outros excluir-se-ão. Criar certezas em torno de relativizações, é um caminho que, pessoalmente, não adopto. Porém, esse afastamento de caminho, coloca-vos logo em posição de concordarem mais com o autor francês do que comigo, o que não deixa de me honrar, caso se mantenham em leitura. Prosseguindo, a meu ver, o homem que tiver a mulher mais bela, naturalmente terá que ser muito mais imaginativo que qualquer um que opte pela que não desperta cobiça. A minha base de raciocínio para esta teoria, passa pela necessidade de manter o alumiar da chama do amor, para que a mulher, mesmo sabendo que sozinha não ficará, opte por ele. Não obstante, não considero nenhum menos, ou mais, imaginativo pela mulher que tem do seu lado. Aliás, normalmente, a cabeça e o coração são ferozes inimigos, que se batem de razões, que, como o classicismo diz, a própria razão desconhece.

Assim, o que eu vos pretendia dizer no esmiuço desta frase, é que não sei distinguir mulheres bonitas de feias. Já vi mulheres que foram bonitas até ao instante que proferiram a primeira frase; outras que só foram menos abonadas, dos traços de beleza, até optarem por uma roupa diferente; outras que bastou dez minutos de conversa para se tornarem Miss Universo. Contudo, mais do que isto, queria assegurar à minha namorada que ela é, e sempre será, belíssima, nem que para isso eu tenho que me tornar um homem sem ideias.

Ela (PP)

A primeira coisa de que me lembrei quando li esta frase foi de uma crónica pouco feliz (diria mesmo de péssimo gosto) de Margarida Rebelo Pinto  (MRP) – <As gordinhas e as outras>. A crónica é ainda mais infeliz se pensarmos nos atributos físicos da autora – metro e meio de altura com pouco mais de 40 Kg – um ícone de boazona, portanto! E sobre as mulheres gordas MRP escreveu: “Ora acontece que a Gordinha é geralmente gorda e sem formas, tornando-se aos olhos masculinos pouco apetecível, a não ser em noites longas regadas a mais de sete vodkas, nas quais o desespero comanda o sistema hormonal, transformando qualquer bisonte numa mulher sexy, mesmo que seja uma peixeira com bigode do Mercado da Ribeira.” Questiono-me: Será que a beleza de uma mulher reside exclusivamente no seu aspecto físico?

Se no passado a beleza no feminina era associada à maternidade, de formas volumosas – como Afrodite – que pelos vistos MRP desconhece; os anos 60 trouxeram uma mulher mais confiante – a pílula deu-lhes a chave da independência e abriu-lhes a porta do prazer. Surge desse modo uma imagem erotizada, como Marilyn Monroe. A mulher alpha dos anos 90 – mulher atlética, destemida e inteligente – perdeu algum dos seu erotismo (na minha opinião), ganhando, no entanto, poder. Percebeu que a sua imagem (vulgo corpo) pode ser utilizada como veículo para atingir os seus objectivos. Os media geram os modelos, que os homens pequenos (não na altura) seguem como mentes captas. Sobre estas mulheres MRP escreveu “Ser gira dá trabalho e requer alguma diplomacia. Que o digam as minhas amigas mais bonitas e boazonas que foram vendo a sua reputação ser sistematicamente denegrida por dois tipos de pessoas: os tipos que nunca as conseguiram levar para a cama e as gordas que teriam gostado de ter sido levadas para a cama por esses ou por outros.” Será que é possível ser uma mulher bonita sem ser considerada objecto sexual?

Somos seres providos de sentidos e, por isso, de sensações. Somos seres biologicamente diferentes… Dificilmente compreendo que exista um referencial único de mulher bonita. Até porque não existe apenas beleza no corpo… Existe também beleza (porventura sobretudo) no cheiro, na voz, no olhar, no toque, no comportamento… Existe a sensualidade! Existe o fascínio pela inteligência (e medo, também)… A mulher bonita, na minha opinião, só pode ser o TODO e não a parte. Mas este é um cocktail que não está acessível a todos. Este requer tempo… É um daqueles produtos gourmet que na bula tem escrito: Apenas indicado para homens com imaginação!

RAL

Até breve…

Sera que não podemos ter o melhor dos 3 mundos?

Esta tem sido uma semana de discussões muito interessantes, mas que não levam a lado nenhum – pois… de vez em quando da-me para isso, conversar sobre o sexo dos anjos, via skype em modo tenho muita coisa para fazer, mas não me apetece.

Perguntava-me uma amiga se não podemos ter o melhor de dois mundos.

Explico!

Ha esta coisa de ter atracção por pessoas independentes, com o seu espaço e tempo para fazer as suas coisas… Mas a verdade é que depois o pacote também traz uma boa dose de egoismo… Pois! Naquele dia em que estamos mesmo a precisar de atenção… ele tem a sua agenda, os seus problemas, as suas actividades… Alias os seus problemas são sempre muito mais graves e as suas prioridades muito mais prioritarias. E quando estamos tristes eles acham que estamos com tensão pre-menstrual – que é assim deveras irritante e redutor, diga-se!

Por outro lado, dizia-me ela, os homens fofos, queridos e sempre disponiveis são uns chatos que ninguém os aguenta! De manhã perguntam o que vão vestir, telefonam pelo menos duas vezes por dia e são, por norma, ciumentos… até dos amigos (ou amigas). Para eles tudo deve ser feito (e pensado) a dois – ah e tanto quanto possivel vestir roupa a condizer (um verdadeiro casal)!

Ha um terceiro genero – o genero artista. Mas esse anda sempre nas nuvens. Nao tem prioridades, mas também não esta nem ai para as tristezas ou alegrias do outro. São optimos para conversas eloquentes mas nas questões praticas é como se não existissem.

Eu acrescentaria um mundo à pergunta da minha amiga. Sera que não podemos ter o melhor dos 3 mundos?

(PS – escrevi este post num teclado azerty, ou seja, no meu ordinateur français que não permite colocar acentos graves ou agudos – quer dizer se encontrarem é, è ou à, é porque existem teclas em que a letra tem o acento – enfim, c’est la France!)