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Voltar à aldeia… ou ao que dela resta!

Voltar à aldeia já não é a mesma coisa!

Este verão regressei à aldeia. À aldeia do meu pai – Proença-à-Velha – no distrito de Castelo Branco. Com tristeza senti que o Portugal interior se extinguiu. Um Portugal de saberes e tradições que morreu com as suas gentes. Não encontrei as velhinhas vestidas de negro a regressar da missa. Nem os velhos, sentados nos bancos de pedra no largo, a ver quem passa. Morreram. E depois deles existiram aqueles que partiram. Como os meus pais. E os meus tios. E os meus primos.

Vi casas fechadas. Casas à venda. Casas em ruína. Vi outros tantos como eu que voltam à aldeia. Que provavelmente se questionam como eu. Sobre o sentido de voltar a um lugar que já não existe. São as pessoas que dão alma aos lugares que habitam. Uma aldeia sem as suas gentes torna-se um espaço encerrado no mutismo de ruas vazias. Nem mesmo as moscas ficaram.

Este foi o meu olhar… sobre um Portugal que agora vive apenas na minha memória.

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Dia da mãe

O poder das imagens quando as letras já foram escritas…


❤️❤️❤️❤️

Solestício de inverno e novas resoluções…

Hoje é o solestício de inverno. A partir de hoje os dias serão cada vez maiores e as noites abreviadas.

O solestício de inverno é uma transição de esperança. Marca um novo início. Uma nova contagem. De luz e de tudo o que de bom se lhe associa. 

Não tenho escrito sobre política. Sobretudo portuguesa. a televisão portuguesa é aborrecedora e estupificadora. Estou cansada dos blocos informativos que pouco informam. Estas fórmulas que colocam comentadores a falar sobre tudo – opiniões que se transformam em verdades, para as mentes passivas e acríticas que os vêem (e ouvem), nos plasmas de muitas polegadas que têm em casa. Mesmo os canais informativos estão pejados de mesas redondas com os do costume… A política alterna com o futebol, passando pelos bancos falidos, o Sócrates preso ou não preso e outros eventos do que os outros não fizeram. É isto há tanto tempo… Se substituirmos os bancos pela casa pia e Sócrates por Vale e Azevedo ou Ricardo Salgado. 

Neste solestício de inverno deixo-vos uma sugestão. Experimentem passar uma semana sem ver televisão. Ocupem o tempo com filmes, séries, com conversas entre amigos, com os vossos filhos, com um bom livro, com boa música ou simplesmente em silêncio. Acreditem que no final dessa semana a visão que terão sobre o mundo e sobre os outros será renovadora e optimista. Para mim foi, sobretudo, um acto de libertação. 

Volto antes do Natal. Para vos desejar boas festas :)!

Acho tudo isto inquietante. Muito inquietante…

Há três semanas que não vou a Lisboa. Ainda faltam uns dias para voltar. As semanas passam rápido. Os fins-de-semana nem por isso… Tenho andado cansada. Cansaço e stress em mim, é sinónimo de sistema imunitário enfranquecido. E o meu (desde sempre) amigo herpes dá o ar da sua graça. Nos últimos dois dias fui um (quase) personagem de Tim Burton, com o meu lábio inferior a ocupar-me toda a cara e pejado de erupções asquerosas de soro amarelo.

Amanhã é dia de eleições. Esta campanha foi uma vergonha. Repleta de acusações sobre o passado, em que todos parecem ser culpados. Um vazio de ideias sobre o futuro. Valeu tudo! Menos o respeito pela Instituição que é a Republica e a Democracia. Política hoje, ou pelo menos aquela que os políticos exercem, não tem nada de ideológico. Tem apenas a sede do Poder… a qualquer preço!

Por aqui discute-se o “potencial” início de uma III Guerra Mundial. Com a Rússia a bombardear a Síria. Os Estados Unidos a dizerem aos Russos que estão a violar os tratados. A França e a Alemanha a procurarem os seus lugares.

Acho tudo isto inquietante.

Muito inquietante.

 

Sobreviver à morte de um filho… e não ter dinheiro para o funeral.

Há estórias tristes neste país. Que se diz da Europa. Há dias em que sinto vergonha. Em que não acredito. Não é possível! Não pode ser verdade!

Há poucos dias uma aluna da escola em que a minha mãe trabalha – em Alverca-do-Ribatejo, morreu por não ter vencido um cancro. A família fez o funeral.

Um grupo de alunos pediu autorização para vender bolos na escola. Objectivo: angariar dinheiro para ajudar a família da amiga a pagar a dívida que têm para  com a agência funerária.

Ahm!??!?!?!?!? Então mas o Estado não paga um subsídio funerário? (Pergunta que fiz de imediato – e que provavelmente vocês estarão a fazer desse lado).

Pois é… Em caso da morte de descendente não contribuinte (leia-se que a pessoa que morreu não tenha remuneração e, consequentemente, não faça descontos para a segurança social – ou seja, filhos menores e/ou maiores de idade que sejam dependentes) o Estado participa apenas com 213,86€ – como podem confirmar aqui.

A dor de sobreviver à morte de um filho é imensurável. Mas sentir que nem dinheiro – ou protecção do Estado – se tem para proporcionar um funeral digno a um filho… é, no mínimo, revoltante.

Vergonha. Vergonha. Vergonha.