De regresso à Côte d´Azur. Depois duma semana que passou a correr… Uma semana de filha, de bébés, de família. Uma semana de preparação para o novo ano escolar que começa. Uma semana em que substituí os artigos científicos por romances. Agnès Martin-Lugand fez-me viajar. Emociou-me. Viciou-me. Neste tempo de guerra, desigualdade e êxodo humano… senti necessidade de mergulhar em estórias sem época, como são todas as estórias de amor. Estórias escritas por uma mulher. Vividas por mulheres inventadas (ou talvez não).

“Les gens heureux lisent et boivent du café” (2013) foi o primeiro livro que li. (Existe tradução em português). Trata-se da estória de Diane, uma mulher que, para se reconstruir após a morte da filha e marido, parte para a Irlanda. Um livro que me fez (re)visitar um local onde nunca fui, mas que há muito quero ir: Irlanda. Desde o filme “Leap Year” (sobretudo a zona em que são filmadas as últimas cenas) que tenho esta viagem na agenda. Mas como diz uma amiga. “Há viagens em que o mais importante não é o destino, mas a companhia” (T. fazes-me falta!). Este é um dos casos. E a companhia ainda não aconteceu…
“La vie est facile ne t´inquiète pas” (2015) é a continuação do “Les gens heureux lisent et boivent du café”. Após um ano na Irlanda Diane regressa a Paris. Regressa ao seu café literário no Marais, onde na porta tem escrito “As pessoas felizes lêem e bebem café”. Um romance entre as margens do Sena, o Marais e Montmartre. Que me faz (quase) ter vontade de viver uns tempos em Paris.
“Entre mes mains le bonheur se faufile” (2014) é um romance diferente. Iris não é uma mulher que se reconstroi como Diane. É, na verdade, uma mulher que se descobre e afirma. Uma mulher a quem os pais roubaram o sonho de vida, quando ainda tinha 18 anos. Que a fizeram julgar incapaz. Uma mulher que, perdido o sonho, correspondeu às expectativas sociais. Casou com o médico da vila. Viveu na sua sombra. Até ao dia em que percebeu que poderia ser diferente. Descobriu-se mulher. Descobriu-se feminina e atraente. Descobriu-se determinada e capaz. Inspirou-se naquela que seria a sua mentora e simultaneamente castradora, Marthe. E Gabriel…
Amanhã regresso aos artigos científicos. Mesmo que ainda esteja sob o efeito dos romances que li. Às vezes sinto-me orfã dos personagens. Sinto-me orfã da Diane e da Iris. E da Juliette de “Moment d´un couple“. E de Irene de “De amor e de Sombra“. E de tantas outras mulheres que fazem parte de mim…
Boa semana!
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