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“Epá se ela não estivesse a fazer topless eu até conseguia conversar com ela!”

Não é fácil. Eu acredito que não seja fácil.  A ciência diz que é um comportamento que eles não conseguem controlar. A resposta está nos neurónios. Nos neurónios e na oxitocina, dizem os investigadores (todos homens, por sinal). Eu chamaria Freud para a discussão. Eles bem gostariam de evitar (dizem, mas eu não acredito). E mesmo que num esforço hercúleo se tentem concentrar numa qualquer conversa, o mais provável é que repitam 3 vezes “desculpa, podes repetir, não percebi o que disseste”. Escrevo sobre mamas. Sobre a relação deles com as mamas delas.

A situação complica-se na praia. “Epá se ela não estivesse a fazer topless eu até conseguia conversar com ela! Mas assim… Não consigo! Ela está a falar e eu não consigo olhar para a cara dela! É quase uma obsessão!” Bom saber… É o que costumo dizer… E deixo-vos a sugestão: se quiserem uma tarde de praia apenas com um bom livro… façam topless! Sossego garantido…

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😀

Sobre a “sexualidade dos jovens”!

Ontem vi uma reportagem da TVI – “O sexo dos anjos”, do jornalista Pedro Veiga.  Fiquei desiludida com o que vi. Na sinopse poderia ler-se “No Repórter TVI desta semana fazemos um retrato da sexualidade dos jovens, em pleno século XXI”. Que trabalho de jornalismo é este? Uma miúda modelo de 15 anos, uma jovem de 21 anos que fez aumento mamário, 5 raparigas amigas que saem à noite, uma turma de 9º ano que tem uma aula de educação sexual, uma especialista no assunto… e é tudo! Onde está o testemunho deles? A voz deles sem ser as afirmações proferidas por elas sobre o que elas pensam que eles fazem, pensam ou gostam? Onde estão os jovens representativos do norte e do sul do país, já para não falar dos do interior? O que pensam os pais das saídas dos seus filhos?…

Nos últimos anos em que estive a trabalhar como professora, fui coordenadora do projecto de educação para a saúde de uma escola secundária, do centro da cidade de Lisboa. Raparigas e rapazes são muito diferentes. Elas não se calam. Falam delas. Falam das amigas. Falam das outras – daquelas que não gostam. Falam deles. Falam daquilo que elas pensam que eles gostam. E fazem-no com todas as certezas do mundo. Para elas existe o preto e o branco e é delas, curiosamente, que vêm os piores julgamentos em relação ao comportamento das outras raparigas. Os rapazes são o oposto. Falam de desporto, de jogos de computador ou de música. Falam pouco do que sentem. Falam ainda menos dos seus medos.

Uma das estratégias que utilizava para “entrar no mundo da sexualidade dos jovens” era envolver os alunos em dinâmicas de representação. Criava situações e pedia-lhes que as representassem. Naturalmente que os seus diálogos eram as suas vivências. Após os 5, 10 minutos de representação era iniciada a discussão. Recordo-me que numa das vezes surgiu a questão: “Porque é que a generalidade das raparigas, quando sai à noite, se veste de um modo provocante?” Elas dizem – porque gostamos que olhem para nós e a que estiver com menos roupa é aquela para quem eles olham. Eles respondem – sim, podemos olhar, mas não quer dizer que queremos namorar com uma rapariga que se vista assim e que esteja sempre rodeada por outros rapazes. Houve uma outra situação que levou à questão “os medos de ter relações sexuais está apenas do lado das raparigas?” Elas respondem prontamente que sim, têm medo que ele apenas queira ter sexo e que depois as deixe, têm medo de ficar faladas,… Eles mantêm-se calados… mas em privado (e quando falam dos seus receios – o que só acontece com enorme confiança) revelam ter medo de falhar, de não saber o que fazer, de não corresponder às expectativas delas,…

A sexualidade dos jovens é deles! Por muito que os adultos tentem estudar, compreender e intervir, há códigos que nos escapam!

A nós, pais, cabe-nos o difícil papel de educar. Não é fácil perceber que um filho cresce. Eu própria fico surpreendida quando olho para fotografias da minha filha e percebo que é já uma quase teen. Sou uma desconfiada em relação aos telemoveis equipados com camera fotográfica e aos planos tarifários de sms ilimitados. Talvez porque enquanto responsável pelo projecto de educação para a saúde, fui confrontada com muitas situações graves, associadas à divulgação de imagens comprometedoras entre grupos de amigos e redes sociais. Acredito que até aos 3 anos podemos estabelecer regras – e deixar claro quem manda -, até aos 13 anos podemos alertar para perigos, a partir dessa idade resta-nos estar vigilantes…

Liberdade significa Responsabilidade!