Se há pessoa que gosta do seu trabalho, essa pessoa sou eu! Gosto. Gosto. Gosto. Isso é irritante. Ou melhor. Isso pode ser irritante. Até para mim. E agora estou aqui. Com papeis e rascunhos e ideias. Com os olhos a arder – e aquela vontade de os fechar -. Escrevo. Leio. Apago. Escrevo. Leio. Ainda não está bem. Tem de ser claro. Apago. Escrever ciência é este exercício. Posso abreviar. Escrever é este exercício. Tem de ser fluido. Tem de ser simples. Escrevo. Está melhor. Posso continuar.
Os dias no laboratório têm sido exigentes. Sou daquelas pessoas que trabalha bem sob pressão. Mas começo a sentir que a pressão se está a tornar crónica. Há dias em que a tensão muscular é tal, que chego ao fim do dia sem quase me conseguir mexer. O pior é que ninguém me faz correr. Sou eu.
Mais do que património material, quero deixar à minha filha a imortalidade do nosso nome de família. Acontece em cada artigo que publico. Alimento a ideia de que um dia ela terá a curiosidade de ler. De saber as estórias dentro de cada uma das descobertas. E eu vou gostar de lhe contar. Não fosse eu, sobretudo, uma contadora de estórias.
A minha mãe alimenta o sonho de me ver escrever um romance. Daqueles que se vendem nas livrarias. Talvez um dia surja a oportunidade de o escrever. Corrijo. Talvez um dia tenha a capacidade de o escrever. Gosto da ideia. De ser arquitecta com tijolos de nuvens impressos em muros de papel.
Um dia. Quem sabe!?
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