Já passaram duas semanas desde que me instalei aqui por terras do Sul de França. Tenho uma semana de trabalho no currículo e, nos tempos livres, viajei pela Costa para um e outro lado da minha casa (desde Saint-Tropez até ao Mónaco). Não é por acaso que a Côte d´Azur é tão badalada. Isto é de facto muito bonito. As enseadas, as ilhas, as praias de areia, de argila ou de pedras. Os pinheiros mansos que quase tocam na água. A água. A água é quente, cristalina e sem ondas. Sobre a minha praia escreverei no fim. Agora quero contar-vos as minhas últimas peripécias.
SFR. Contei-vos da minha ida à loja SFR. Pois bem. Passados alguns dias recebi uma mensagem sms com uma morada para ir levantar a box e o router. Assim foi. Após sair do trabalho passei na vila para encontrar a loja SFR. Percorri a rua de alto a baixo e nada de loja SFR. Verifiquei o número da porta. Número 4. Mas no número 4 da rua indicada, existia um pronto-a-vestir. Achei que a morada que me tinham enviado estava incorrecta ou incompleta. Ainda assim decidi entrar. Não deveria ter sido a única a receber a tal morada, pensei. Entrei. Esperei que a senhora estivesse disponível. Perguntei se sabia onde era a SFR. Assim que viu o sms disse-me: identification s’il vous plaît. E foi nesse momento (um segundo depois de ter achado que tinha cometido algum crime, dado o tom com que falou) que percebi que a morada estava correcta e era mesmo ali, naquela loja de roupa unisexo, meia-luz e música pop francesa, que tinha de levantar a encomenda SFR. E, de volumes na mão, regressei a casa. Sem saber muito bem o que fazer com aquilo, é verdade. Em casa percebi que em França o método IKEA se aplica a outras areas de negócio, para além de puzzles para adultos, temos também quebra cabeças tecnológicos. Sabem aquele senhor da meo ou da zon que vai lá a casa e instala tudo ? Cola fios, faz testes, programa a televisão ! Pois bem, aqui não há ! Nós trazemos tudo para casa e instalamos. Vá a coisa é simples. Está tudo explicadinho no manual de intruções. Pois sim, seria simples. Se eu soubesse suficiente francês, porque o manual está todo em francês! Mas tem bonecos. E o primeiro passo é descobrir uma tomada que tem uma ranhura a que se liga o telefone. Mas esta casa não trazia manual de intruções. E encontrar a treta da tomada ! Não imaginam o filme. Mas vá lá ! Descobri-a no cm inferior de uma parede cá de casa (aquele que fica atrás da porta e que ninguém se lembra que existe). Depois coloquei os fios como aparecia nas figuras do manual. Liguei tudo e nada ! Liguei para o numero de assistência. Uma gravação em francês que referia que era necessário ligar um outro numero. Quando consegui perceber o numero já tinha passado a hora de atendimento (sim porque o serviço de atendimento 24h não se coaduna com as leis do trabalho em França). Esperar foi a única opção. No dia seguinte tinha uma carta na caixa de correio « Pousinha » : a activação da sua linha poderá demorar até 15 dias ! Mas que raio de linha é pode demorar 15 dias a activar ? Enfim. Começo a achar que em França tudo tem de demorar um certo tempo. Sem pressa !
Voleiball. Há uns dias fui jogar Volei a Cannes, com o grupo do Couchsurfing aqui de Antibes. 9h da noite, a baguete na mochila e fato de banho no corpo, porque aqui a água é sempre quente. Se estás em França falas francês, até no couchsurfing! E o jogo começou. Um dos moços dizia de vez em quando: Je suis desolé! E eu, tantas vezes ouvi aquilo, fiquei a pensar porque raio de motivo o rapaz estava tantas vezes desolado! Vim a saber, mais recentemente, que “je suis desolé” é um pedido de desculpas! O jogo para mim terminou mais cedo, com uma lesão na mão. Fiquei na conversa com um australiano que está a viver em Paris há 3 anos. Recusa-se a falar francês e por isso foi bom (inglês é música para os meus ouvidos, nos tempos que correm). E foi bem divertido, não fosse o rapaz fotograf,o com um “moustache” digno da belle epoque, e uma boina à pintor de Montmartre. Alem de fotografar os ricos nos seus iates (motivo pelo qual esteve pelo Sul), faz umas fotografias um tanto ou quanto diferentes. Atira leite na cara das pessoas e fotografa-as. Não acreditam? Eu também não acreditava! Ora vejam: http://www.alexanderjebradley.com/index.html .
Trabalho. Os inícios nunca são fáceis. Quem me conhece sabe que sou de poucas falas no trabalho. Nunca achei que é no trabalho que se fazem os melhores amigos. É preciso tempo! No laboratório uma das paredes é uma grande janela sobre os Alpes. A vista é magnífica! Só por isso as coisas já correm melhor. Depois há o outro lado. A minha colega argelina, que está há 8 anos a trabalhar em França, ainda não descobriu os phones. Então coloca música no PC do setup. Estão a imaginar a qualidade do som, não estão? E eu estou a actualizar a minha cultura musical (que nunca foi grande, diga-se) pelos domínios do pop Francês e das sonoridades árabes. Uma verdadeira delícia! E os mails? Todos em francês, claro! Mas o que ao meu trabalho diz respeito está tudo a correr muitíssimo bem e é isso que importa!
Praia. Deixo o melhor do meu dia para o fim deste post. Sair do trabalho e poder ir correr ao longo da baía (a minha irmã já deve estar a fazer aquela cara – correr, tu ahahahaha – mas é verdade, metade a andar metade a correr, sou uma iniciada) ou tomar um banho demorado no mar é um privilégio, que tenho a sorte de ter. Deixo-vos com a fotografia da minha praia, que tirei num destes dias, depois de chegar do trabalho.
Olá Paula, gostei do que disse, mas falta-me uma coisa. Acabo de chegar do golfe e gostava de saber se ele não está nos seus planos, já que julgo que tem um perto.
É um desporto que vale a pena pela natureza que nos rodeia e porque somos adversários do campo e de nós próprios.
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Olá Carlos. Há imensos campos de Golf aqui. Só que eu não sei jogar! Acho que iria gostar muito, sobretudo porque se respira a natureza, é lento e é individual (dá para pensar também).
Beijinho
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Prima, gosto muito de ler o que tu escreves! Achei piada ao rapaz da lesão! Tb pensava que aquela expressão significava o que tu pensas-te mas obrigado por me teres elucidado. Andei muitos anos a pensar errado. Afinal os 3 anos de francês da escola básica já há muito que já lá vão. E o inglês embora seja o idioma que saiba melhor para além da nossa língua materna é que a eu sei melhor. Continua a escrever que eu adoro ler o que tu escreves. Bjs
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Muito bom!!!
E eu a ler, aos poucos, o texto… e depois, apercebo-me que afinal, o dito australiano é o fotógrafo que me falaste (permita-me que trate por “tu” 😛 ). Trabalhos fantásticos! Não vi esses do leite, porque, ao que parece, não consigo ver os vídeos aqui e esse trabalho está em vídeo. (mas vou ver, até porque gostei das fotografias que consegui ver!)
Gostei também daquela situação do “je suis desolé!” Isto faz-me lembrar uma situação caricata que passei numa aula de Francês no 7º ano… sempre tive altas notas a Francês, adoro a língua… mas numa daquelas situações (com tamanha naturalidade e distracção), a professora perguntou qual a tradução para “pomme de terre”… e a minha resposta: “maçã da terra”. Gargalhada enorme na turma, inclusive, eu próprio!! 😆
Quando, na verdade, todos sabemos que é a “batata”.
Bela praia! 😀
Beijinhos
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